Lei Kiss
é sancionada por Temer com 12 vetos
- 31/03/2017 19h39
- Brasília
Heloisa
Cristaldo - Repórter da Agência Brasil
Criada para evitar tragédias como
a da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), que deixou 242 mortos em 2013, a Lei
13.425/2017, que define normas mais rígidas sobre segurança, prevenção e proteção
contra incêndios em estabelecimentos de reunião de público, foi publicada hoje
(31) no Diário Oficial da União.
Conhecida como Lei Kiss, a norma
foi sancionada pelo presidente Michel Temer com 12 vetos. Entre os trechos
retirados estão a proibição do uso de comandas em casas noturnas, a
responsabilidade das prefeituras pela fiscalização e a previsão de punição a
bombeiros, prefeitos e donos dos estabelecimentos. Ao vetar a proibição da
comanda, Temer afirmou que “embora louvável”, a lei pode ser mais flexível,
“preservando-se também peculiaridades setoriais, mercadológicas e eventuais
mudanças tecnológicas”.
Em janeiro de 2013, incêndio na Boate Kiss deixou
242 mortos e 680 feridosWilson Dias/Arquivo/Agência Brasil
Outro ponto vetado por Temer foi
a criminalização dos responsáveis quanto à prevenção e ao combate a incêndio e
a desastres. O artigo retirado da lei definia que o descumprimento seria considerado
crime, sujeito à pena de detenção de seis meses a dois anos e multa. Para o
presidente, ao criar um tipo penal, o dispositivo ia “de encontro à necessária
observância da racionalidade do Direito Penal”. Além disso, ressaltou que a
legislação penal vigente já tipifica as condutas.
A adequação à Lei de Edificações
também foi vetada. O texto da Lei Kiss determinava que, pela estrutura física
ou pela natureza das atividades desenvolvidas, locais que tenham restrição à
existência de mais de uma direção no fluxo de saída de pessoas fossem
vistoriados anualmente. Na justificativa do veto, no entanto, Temer argumentou
que a “adequação desses estabelecimentos pode onerar custo desnecessário e
indevido”, principalmente para empresas de micro e pequeno porte, sem aumentar
a segurança de forma relevante. Temer vetou também a obrigatoriedade de
vistoria anual pela prefeitura ou bombeiros em locais enquadrados na lei e
adequações.
Familiares
A Associação dos Familiares de
Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria criticou os vetos à lei. “É
o desprezo à vida em favor da omissão e lucro. Tiraram a responsabilização,
privilegiaram o lucro insano e permanece quase o mesmo. Um governo que se
submete a pressões contrárias à segurança da sociedade não a representa.
Vetaram até o item que proibia cobrar por comandas somente na saída. Quantos
morreram na boate Kiss por causa das malditas comandas?”, cobrou a entidade em
nota divulgada em seu site.
“A ganância é a razão que vem por
trás dessas ações tímidas e fracas de governos que deveriam zelar por seus
cidadãos. No mundo com respeito à vida, essa prática de cobrança ao final não
existe e é causa de mortes onde ela ainda existe”, acrescentaram os familiares.
Edição: Luana
Lourenço
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