Corrupção
não é uma nota de pé de página da história, diz Barroso
Publicado
em 05/10/2018 - 22:07
Por Cristina
Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
O ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse hoje (5) no Tribunal de Justiça do
Rio de Janeiro (TJRJ), que a corrupção não é uma nota de pé de página da
história. Barroso participou de um encontro para comemorar os 30 anos da
Constituição Brasileira, organizado pela Escola da Magistratura do Estado do
Rio de Janeiro (Emerj).
“Ela [a corrupção] desvia
recursos que não vão para serviços públicos, que não vão para serem
redistribuídos. Ela cria uma relação pervertida entre cidadania e o Estado.
Cria um ambiente generalizado de desconfiança em que todo mundo pensa que pode
passar o outro para trás. Estão errados os progressistas que pensam assim”,
disse à Agência Brasil após o encontro.
Segundo Barroso há dois tipos de
corruptos: os que não querem ser punidos e os que são os que não querem ficar
honestos, apesar dos escândalos já divulgados no país. Este segundo tipo, na
opinião do ministro, são os piores. “Acaba sendo uma batalha muito difícil, quando
não muito solitária, quando se precisa enfrentar os progressistas, a elite e os
corruptos. Mesmo assim, acho que esse trem já saiu da estação e doravante, cada
vez menos, a sociedade vai aceitar este modo desonesto com que se faz política
e negócios no Brasil”, disse.
Violência
O ministro também destacou os
altos índices de violência no Brasil. “Nos tornamos o país mais violento do
mundo, com 63 mil homicídios por ano. É mais do que morre na guerra da Síria. É
um número quase invisível, porque são pessoas pobres, de baixa escolaridade,
negras. O país não pode conviver com estes índices de violência, portanto,
precisamos ter isso na agenda brasileira e diagnosticar a causa dessas mortes e
o que precisamos fazer para superar estes números que nos envergonham tanto
quanto a corrupção”.
Para o ministro, uma das causas
da violência pode ser a falta de investimentos efetivos na educação básica,
que, apesar de ter registrado avanços, não foram suficientes para as
necessidades da população.
“A educação é tratada com
descuido no Brasil. Na economia todo mundo quer saber quais são os nomes e
quais são os projetos pelo mundo para sair da recessão. Na educação ninguém
debateu, ninguém pensou quais são os melhores nomes”, disse. “Acho que em um
país polarizado nós devemos buscar denominadores comuns e acho que um projeto
suprapartidário patriótico de curto, médio e longo prazo para a educação básica
é capaz de unificar o país”.
De acordo com Barroso, um projeto
como esse seria capaz de unir setores da esquerda à direita com o objetivo de
elevar o nível educacional brasileiro e preparar a nova geração para um país
melhor.
Edição: Fábio
Massalli
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