Especialista
defende avanço na legislação para coibir desperdício de alimentos
- 31/10/2017 17h52
- Rio de Janeiro
Alana
Gandra - Repórter da Agência Brasil
Desperdício
de alimentos envolve desde o início da cadeia produtiva até o consumo nos lares
brasileiros Rovena Rosa/Agência Brasil
O seminário Sem
Desperdício – Diálogos Brasil e União Europeia, promovido hoje (31) no Museu de
Arte do Rio de Janeiro (MAR), debateu a questão do desperdício de alimentos no
país e estratégias para combater o problema. Coordenador do projeto Sem
Desperdício, Gustavo Porpino, destacou que é preciso avançar com a legislação
brasileira sobre o tema e envolver todos os atores do final da cadeia
alimentar, com foco na indústria de alimentos, setor de embalagens e varejo
sobre a importância do engajamento no tema.
O evento foi promovido
pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês),
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a WWF-Brasil. De acordo
com Gustavo Porpino, que é técnico da Embrapa, existem atualmente cerca de 29
projetos de lei relacionados à redução de perdas e desperdício de alimentos
tramitando no Congresso Nacional. “O mais antigo deles está em tramitação há 19
anos”, destacou. No entanto, parte dos projetos estão defasados.
Um dos objetivos da
iniciativa Sem Desperdício é buscar, por meio da união dos
diversos elos da cadeia e em parceria com a União Europeia, dar mais
visibilidade ao tema, mobilizar a sociedade e, com isso, "destravar"
a tramitação dos projetos que têm mais potencial.
“É importante a gente
aprovar projetos de lei que contribuam para o bem-estar social, para o
consumidor de alimentos, mas que também não penalizem o varejo ou a indústria
de alimentos”, afirmou Porpino.
Perfil de consumo
Além da importância de
consicentizar o consumidor e a cadeia produtiva sobre o problema, outro gargalo
é a inexistência de números confiáveis sobre perdas e desperdício no Brasil. No
escopo da parceria com a União Europeia será feito um estudo quantitativo para
mensurar quais são os alimentos mais desperdiçados pelas famílias brasileiras.
Porpino destacou que a
situação do Brasil em relação ao desperdício de alimentos é peculiar. Em geral,
nos países em desenvolvimento, o problema está muito situado no início da
cadeia, nas fases de produção de alimentos e pós-colheita, e também no escoamento
da safra devido a problemas de infraestrutura. Embora o Brasil também enfrente
esses problemas, o hábito de consumo das famílias se assemelha mais ao dos
países ricos, causando ainda mais desperdício.
Tecnologia
Uma das frentes para
combater o problema do desperdício é o investimento em tecnologia, como a
produção de embalagens que aumentem a vida útil dos alimentos. A Embrapa tem
uma linha de pesquisa em nanotecnologia que desenvolveu películas para
revestimento de frutas. Entre elas, citou o caso de um revestimento para
exportação de cocos in natura que é feito a partir da quitosana,
extraída da casca do caranguejo. “Esse revestimento mais do que duplica a vida
útil do coco exportado e também pode ser aplicado em outras frutas”. Porpino
explicou que esse mesmo revestimento pode ser usado para aumento da vida útil
das frutas expostas no varejo nacional.
Edição: Amanda
Cieglinski