É muito
ruim para o país ter um ex-presidente preso”, diz Mourão
Publicado
em 21/03/2019 - 14:48
Por Andreia
Verdélio - Repórter da Agência Brasil * Brasília
O vice-presidente, Hamilton
Mourão, lamentou hoje (21), a prisão do ex-presidente Michel Temer,
e lembrou do também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba
desde abril de 2018 . “Já falei a respeito da mesma situação do ex-presidente
Lula. É muito ruim para o país ter um ex-presidente preso. Agora seguem as
investigações”, disse, ao chegar ao Palácio do Planalto nesta tarde.
Para Mourão, a prisão de Temer
não deve atrapalhar o andamento dos projetos no Congresso Nacional. “Uma coisa
é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A realidade é que fica todo mundo
naquela situação igual cachorro em canoa, querendo se equilibrar”, disse.
Vice-presidente, Hamilton Mourão, lamentou a prisão do ex-presidente
Michel Temer - Luisa Gonzalez/Reuters/Direitos reservados
Prisão
O ex-presidente Michel Temer foi
preso, preventivamente, na manhã de hoje (21), em São Paulo, por determinação
do juiz federal Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de
Janeiro, responsável pelas ações de desdobramento da Operação Lava Jato.
O ex-ministro de Minas e Energia
da administração emedebista Moreira Franco também foi preso na Operação
Descontaminação, que investiga desvios na Eletronuclear. Ao todo, foram
expedidos oito mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 24 de
busca e apreensão no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Paraná e no Distrito
Federal.
Parlamentares
A líder da Minoria na Câmara dos
Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE),
identificaram indícios de abuso de autoridade na prisão do ex-presidente Michel
Temer (MDB-SP), ocorrida na manhã de hoje (21), em decorrência de
desdobramentos da Operação Lava Jato. O senador disse que é necessário revisar
a legislação para evitar essa prática.
De acordo com o senador, Temer tem
residência fixa, o que afastaria a necessidade de prisão. "Eu não vejo
nenhuma razão objetiva para a prisão do presidente Temer. Eu posso falar isso
porque sempre fui oposição ao presidente Temer. Ele não está fugindo, que eu
saiba, ele tem endereço fixo. Eu acho que isso é um processo de abuso de
autoridade que está acontecendo com alguma frequência", afirmou.
Segundo Tasso, o reflexo da
prisão "é a desmoralização da política, cada vez maior, e desmoralização
de uma classe que é fundamental para a democracia do país".
Ex-presidente Michel Temer e o ex-ministro
Wellington Moreira Franco forma presos preventivamente - Arquivo/Agência Brasil
A deputada Jandira Feghali disse
que a prisão do ex-presidente causou “muita estranheza”. “Isso tem cheiro de
uma prisão arbitrária. Não podemos fazer a defesa de prisões fora do processo
constitucional”, afirmou a deputada, no Salão Verde da Câmara.
"Nós continuamos defensores
do devido processo legal. Delação não é prova, apesar dos robustos indícios
contra Michel Temer”, afirmou Jandira. “Achamos que a prisão tem que decorrer
de processo condenatório. Não há condenação em primeira instância, segunda
instância e muito menos em terceira instância, que é o que manda a
Constituição”.
Ela lembrou que a Câmara recebeu
duas denúncias contra Temer e negou autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF)
para processar o então presidente. “O Parlamento recusou a investigação contra
Michel Temer e outros que estão sendo expedidos mandados de prisão. Se naquele
momento a investigação tivesse sido aberta, hoje talvez tivesse sido autorizada
uma prisão constitucionalmente consolidada”, disse a líder.
Para o líder do PPS na Câmara,
Daniel Coelho (PE), os resultados desta nova etapa da Operação Lava Jato
demonstram que ninguém está acima da lei. “A Justiça mostra que não tem
partido, nem viés ideológico. Na nossa avaliação, a força-tarefa continua se
pautando pela materialidade das provas colhidas, sem agir pela seletividade dos
seus alvos”, afirmou o deputado.
*
Colaboraram as repórteres Ana Cristina Campos e Karine Melo
Saiba mais
Edição: Fernando Fraga